Antes que comece a ler esse texto, o leitor precisa ter em mente algumas coisas: primeiro Beyoncé é uma cantora de R&B, não de música pop. Segundo, ela tem influências diretas de Whitney Houston, Mariah Carey e Aretha Franklin. Terceiro, ela possui um pezinho no hip hop. Depois disso em mente vamos ao texto.
Quando ouvi “Run the World (Girls)” já imaginei que poderia esperar algo muito diferente do novo CD de Beyoncé. E de fato isso aconteceu. Mas não do modo como eu pensava. Se no seu terceiro disco, Beyoncé nos mostrou Sasha Fierce, agora com o “4” ela quer escancarar a Beyoncé que existe nela. E escancarou.
Tudo começa com “1+1”. Uma balada linda. E que é sustentada pela voz poderosa de Beyoncé. Para mim, nem precisaria de baixo e piano, só a voz me bastava. É obvio que pra quem esperava um disco repleto de batidas dançantes se espantou com essa faixa. E pode ter certeza: irá se espantar com todo o resto.
Com “I Care” ela traz uma nova balada com uma batida muito empolgante. Uma voz implacável, digno de cantoras de R&B. Confesso que “I miss you”, terceira faixa do CD, não é uma das minhas favoritas, mas acompanha a ideia do começo do CD: músicas que expressam sentimentos através de vozes que só cantoras de R&B podem expressar.
Chegamos numa zona onde se tentou criar algo para emplacar o álbum na Billboard, mas acabou falhando. “Best Thing I Never Hand” é a mais comercial do CD, o que explica ter sido lançado como single. Apesar do vocal poderoso e do backing vocal muito bem marcado, ainda não é uma das melhores faixas. “Party” talvez seja uma das piores músicas do CD. Uma tentativa de criar algo comercial com participações que chamam a atenção (Kanye West e Andre 3000), mas sem sair do R&B. Sinceramente a indústria não quer R&B, por isso foi uma tentativa em vão.
Mas os próximos acordes aliviam a nossa alma e voltam àquela Beyoncé com o vocal poderoso. A batida “Rather Die Young” acompanha muito bem a voz da cantora, além marcar toda a melodia. Mas aí vem a fraca “Start Over”. Beyoncé carrega bem a música (aliás, é a voz dela que faz a música ser bem menos chata), mas a melodia deixa a desejar muito. Fraca, não parece nem romântica, nem dançante. Talvez foi uma tentativa de colocar algo dançante em R&B. Não deu certo.
Mas “Love on Top” salva nossos corações. Beyoncé simplesmente volta aos anos 60/70 trazendo um R&B digno de se chamar de R&B. Lindo, lindo, lindo. Amei essa faixa e canto e danço junto com ela. A voz está linda. A melodia está linda. Quando a ouço me remeto logo ao tempo onde todos usavam a famigerada pantalona e dançavam nos embalos de sábado à noite. É... Acho que deu pra notar que gostei muito desta faixa.
Muitos já disseram que gostaram de Countdown. Eu simplesmente não sei o que dizer sobre essa faixa. Apesar de trazer uma melodia um pouco mais dançante (e talvez seja isso que fez com que vários gostassem) ela foge um pouquinho daquilo que o álbum estava propondo. Mas não é uma faixa ruim. Mas também não é boa. Diria que é uma preparação para o que virá.
“End of Time” seja aquilo que todos esperavam de todo o CD. Uma faixa dançante, com uma batida muito boa. E diferente. Eu gostei muito da faixa. Muito mais do que “Run the World”.
E quando você pensa que a próxima será finalmente a faixa do clipe, Beyoncé surpreende com “I Was Here”, novamente uma balada muito boa. Quando comecei a ouvir a música, jurei estar ouvindo uma daquelas músicas que aparecem no fim de cada episódio da série Arquivo Morto. É a música mais dramática do CD. Digna de trilha sonora.
E aí, finalmente vem a conhecida “Run the World”. Não preciso dizer muito sobre a faixa, né? Batida dançante, refrão contagiante e de novo tem um clipe que dá vontade de imitar a dança.
Enfim, o CD “4”, lançado hoje no Brasil, não é um dos melhores de Beyoncé. Ele possui alguns erros, mas também existem grandes acertos. Acredito que os erros aconteceram por causa da preocupação em se vender o disco. É visível os acertos nas músicas que trouxeram uma Beyoncé dramática, romântica e com um vocal poderoso. Também é visível o erro quando tentaram trazer uma Beyoncé um pouco mais comercial e dançante. Apesar de gostar muito de “End of Time” e “Run the World”, achei que as faixas ficaram perdidas no CD. Estariam muito bem no Bonus Tracks que há no CD Deluxe. E transformariam em um Bonus Tracks poderoso. Talvez a Beyoncé dançante que todos pediram esteja lá. É lá que a Sasha Fierce está. Assim, acredito que o melhor seria fazer um CD Beyoncé R&B, trazendo “Dance For You” do Bonus Tracks, e um CD Beyoncé Dance (ou Night, se preferir), colocando “End of Time” e “Run the World” nessa parte.
Bayoncé mostrou que é possível fazer um CD com músicas de qualidade que não sejam somente dançantes. Mas ela errou quando teve medo de transformar todo o CD em R&B. Tentou encaixar algo que agradasse a massa, mas acabou sendo ignorada por eles. Ou pior: foi dita como flopada, como se lançar esse álbum fosse um erro. Mas o bom disso tudo é que temos uma Beyoncé mais madura e que, com certeza, se revelará ainda mais nos próximos anos.
2 comentários:
Meu cd chegou ontem, e fui ouvir...não to muito familiarizada com os nomes das musicas ainda, mais agora to vendo a Beyonce da maneira que eu gosto.
Ameeeeeeeeiiiiii "1+1", porém, não gostei muito de "Love on Top", mais é questão de ouvir mais vezes.
Só fico pensando como vai ser a turne desse cd, com muito mais baladinhas romanticas do que musicas dançantes, será que essa turnê vem p/ o Brasil?????
Torcendo muito p/ que venha :)
Eu sempre gostei da Beyoncé e acompanho a carreira desde o Destiny's child e sei o quanto ela cresceu durante todo esse tempo. Confesso que esperava um cd bem dançante como os anteriores e fiquei surpreso com o que ouvi. O cd está mais técnico em relação a música e voz. Realmente esta semelhante a alguns álbuns da Mariah Carey que utiliza muito de técnica vocal e menos música comercial, inclusive há alguns agudos da Beyoncé na música I Care e Love on Top que me lembrou muito a Mimi, além das faixas Party que está bem no estilo da MC. Apesar de não ser o que provavelmente todos esperavam, eu gostei muito desse álbum pois estou conhecendo uma Beyoncé a qual não conhecia, muito mais poderosa, vocalmente falando. Abç.
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