Mais do mesmo. Essa foi a conclusão ao ouvir as músicas
vazadas da Rihanna nas últimas semanas. Este não é um review do mais novo CD da cantora. Pelo contrário, este
é um texto sobre o cenário Pop atual.
Sempre gostei do Pop porque ele permitia tudo. Permitia com
que você misturasse o rock com música eletrônica, o country com o reggae e
assim vai. Sempre gostei do Pop porque ele me parecia ser um sujeito sem
preconceito, aceitando todos aqueles que queriam divertir os outros.
Mas a indústria – ah, sim a indústria, aquela que faz com
que o Pop se altere a cada minuto – fez com que o Pop entrasse num caminho sem
volta. Primeiro foi a Madonna, trazendo lá da Europa batidas bem diferentes
daquelas que estávamos acostumados a ouvir em “Like a virgin”. Gostamos do
namoro dela com a música eletrônica, e parece que a indústria – formada pelos
empresários de paletó e gravata, sustentados pelas grandes gravadoras – também gostaram
de que nós gostamos disso. Atentem para essa fórmula: música eletrônica no Pop
+ fãs que adoraram a mistura = dinheiro para gravadoras e empresários.
Depois disso fomos invadidos com batidas eletrônicas pela
Britney em “Blackout”. Aí foi um pulo para que no final da primeira década do
século 21, tivéssemos Lady Gaga, Rihanna, Kesha, Katy Perry e tantas outras.
É fato que quando elas apareceram todas nos mostraram algo
diferente do que estava sendo produzido (bem por isso chamou nossas atenções). Contudo,
o problema tem até nome: “segundo CD”. Para alcançarem cada vez mais sucesso, e
com isso darem lucro às gravadoras, elas precisavam vender ainda mais. E porque
mexer em time que tá ganhando? E lá vai mais uma rodada de música eletrônica.
Em primeiro lugar, sei que gravadoras são empresas, e por isso
precisam lucrar. O problema é que cantores não precisam disso. Cantores, antes
de tudo, são artistas. Eles que movimentam a cultura Pop. Não é basicamente a indústria.
O próprio Pop-Art, que por vezes é misturado com a cultura pop, veio exatamente
para esculachar com essa indústria. Por que as cantoras agora precisam abaixar
as cabeças e fazerem de tudo para vender sem pensar na sua arte?
É fato que Cds como “Born this way” da Lady Gaga traz de novo um respiro ao
encontrar mais elementos que não sejam música eletrônica. Mas ainda sim, o
perigo do Pop se tornar música eletrônica ainda existe.
Não sou contra a música eletrônica no Pop, e acho que o
estilo tem tudo haver com a música. O problema é que o Pop não é só música eletrônica.
É mais. É country, é blues, é R&B, é jazz, é rock, é samba, é clássico, é
indie, é tudo.
Sim. Quero coisas novas. Quero me surpreender. Quero me
espantar. Quero dançar ao som de eu que nunca tenha ouvido. Mas para isso
artistas e fãs precisam se desprender da quantidade que está sendo vendido e
deixar que a mente absorva novas fontes de ideias. Caros, deixem os números com
as gravadoras e let’s have fun.
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