Neste primeiro semestre já
passamos pelos lançamentos dos principais nomes do circuito pop atual (ou os
mais comentados, como queiram). Agora o
mundo se prepara para ouvir o próximo álbum da Rainha do Pop. Já
vazaram até imagens de pessoas que cruzaram a casa de Madonna e ouviram algumas
músicas (ainda penso que era a empregada da Madonna fazendo faxina, mas...). Os
fãs já logo balburdiaram que esse CD seria revolucionário. Até a própria
cantora falou isso. Depois de algumas especulações foi confirmado que os
produtores de Rihanna e Katy Perry iriam participar do álbum. E aí deixo a
pergunta que me veio à cabeça logo ao acordar: será que existe revolução usando
produtores que já fizeram outros hits? Será que ainda é possível inventar e
revolucionar o mundo da música?
Particularmente não acredito em
revolução. Acredito, sim, em reinvenção. Posso pagar com a língua sobre o que
vou dizer, mas penso que o álbum de Madonna trará músicas dançantes, com alguns
versos chicletes e talvez uma ou duas faixas trazendo produtores novos que
misturam alguns sons diferentes. Não espero nada a mais. O primeiro fator é que
é difícil alguma gravadora se arriscar no momento em que estamos, onde a
indústria fonográfica já não sabe mais como vender suas músicas (mesmo com Eminem
e Adele batendo recorde em vendas digitais). E o segundo fator é que o mundo
Pop nada mais é do um reflexo de todo o comportamento da sociedade.
Para entender melhor esse segundo
fator, o leitor precisa percorrer o meu raciocínio e assim perceber como as
coisas estão ocorrendo. Então, vamos lá!
Quem estuda história - ou se
interessa ao menos - já percebeu que as nossas civilizações gostam de repetir
fatos. São guerras, acordos, crises, todos com contextos parecidos. Se não há
contexto parecido, o modo como os fatos acontecem possui alguma semelhança. Ou
quem não se lembrou do Crack de 29, quando em 2008 os Estados Unidos passou por
aquela crise que tem reflexos até hoje? Muito disso acontece porque pensamos
que se algo já deu certo, pode dar novamente. É o que acontece com as apostas
em cassinos, por exemplo.
É importante entender esse ponto:
não há cópia de algo que já existe, e sim reinvenção daquilo. Usamos todas
essas peças com outras roupas que se antigamente usássemos seriamos as “pessoas
fora de moda”. Reinventamos o que usamos por um simples pensamento que a nossa
sociedade adquiriu: porque jogar fora algo que podemos usar ainda? E assim, a
caixa do feirante vira uma linda
estante, ou quem sabe, uma mesinha
de cabeceira. Reinventamos para poder reciclar. E reciclamos para poder
viver no mundo em que estamos.
E assim voltamos ao começo do
texto. O mundo pop, incluindo a música é esse reflexo. Já foram tantas coisas
boas, por que não usá-las novamente? E o mais importante, se divertir com essas
coisas?
Sei que muitos fãs gostariam que
seus artistas fossem originais, os criadores da roda. Mas, não é bem assim que
acontece. Um exemplo é Beyoncé que pregou o seu nome no mundo pop com o vídeo ‘Single
Ladies’. A coreografia, copiada por vários em todo o planeta, nada mais é do
que uma releitura – mais rápida – de outra coreografia do anos 70 (como você
por ver neste
post). A mesma cantora bebeu (e muito) dessas cantoras dos anos 60-70 para
compor o álbum “4”, seu mais recente lançamento. Um exemplo é a faixa – que eu
adoro, particularmente – “Love
on Top”.
Mas não só Beyoncé bebeu da
fonte. Britney bebeu da música eletrônica da Ke$ha, que por sua vez, apostou na
música eletrônica que já estava dando sinais de sucesso com Lady Gaga. Esta
usou de várias fontes: David Bowie, Cher e a mais apontada, Madonna. Inclusive
muitos fãs da última acusam a todo o momento que a Lady Gaga copia totalmente a
Madonna. O que muitos esquecem é que Madonna surgiu ao mesmo tempo em que a
veia pop de Michael Jackson surgia. A rainha bebeu da fonte do rei também
(aliás, quem não beberia?).
O que quero deixar claro é que
nenhum desses artistas são desmerecidos de sua arte. Madonna (antes que me
ataquem) deixou sua contribuição por ousar, por ter a coragem de ousar, coisa
que poucos tem culhão para fazer. Mas o fato é que a reinvenção é algo natural
da sociedade.
No fim, não há medidas de
qualidade de artistas. Há artistas que não tem talento e outros que tem
talento. Tanto talento que conseguem tomar para si um passo
usado no filme “Cabin in the Sky” (1943). Não é, Michael Jackson?
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